segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

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Garbagesexual, quem são? O que fazem? E quais seus objetivos?

Garbagesexual (9)O ano de 2014 foi marcado por algumas mudanças quando se fala em tribos urbanas. Por muitos blogs, colunas e jornais foi anunciada a decadência do estilo hipster e o surgimento de novos estilos como o Lumbersexual (estilo lenhador canadense, com barba comprida, muitos pelos e camisa xadrez vermelha tradicional) e o spornsexual (que é um metrossexual mais evoluído), já que ele cultua a aparência de uma forma diferente, excessivamente voltada ao corpo, passando horas na academia, fazendo dietas,  evitando tudo que interrompa sua formação de massa muscular.
Enfim, do surgimento de novas tendências surgem novas tribos e assim por diante as coisas vão se modificando ao longo da história. Muito se falou no final do ano passado do surgimento de uma nova tribo, a tribo dos Garbagesexuais.
Garbagesexual? Garbage vem de lixo em inglês, não vem? Sim, mas porque então denominar um tribo assim?
Bom, já explico para vocês.
Para mim o gargabesexual já existe há muito tempo, mas é que só agora as pessoas pararam, olharam para eles e resolveram classificá-los.
Eles repudiam qualquer tipo de cuidado, daí a analogia com o lixo. Quanto mais desleixado, melhor. Barbas totalmente por fazer, sem cuidado algum, assimétricas, bastando apenas deixá-la crescer.
Cabelos sem cortes ou mais compridos. Os cabelos ondulados são maiores tendendo ao Black Power. Os dreadlocks são bem-vindos.
Garbagesexual (2)
Na vestimenta quanto mais sinal de velho e gasto, está mais perfeito para composição do look. Nos pés, tênis de tribos jovens como vans e all star, já gastos, sujos e destruídos, esse é o charme. No calor, chinelos (havaianas surradas) que dão um ar de despreocupação.
As camisas de flanela, característica marcante, se forem de brechó, do pai ou do avô ou com aparência de antiga, velha, são perfeitas para composição o estilo..
As calças podem ser rasgadas, mas não à moda destroied e sim um rasgo apenas no joelho, mostrando mais naturalidade, barras arrastando, sujas e destruídas também são uma constante.
Bolsas de mãos, óculos redondos simulando intelectualidade e chapéus, estão muito presentes nos looks.
Com relação ao banho, por uma questão de sobrevivência, adequação social e relacionamento não pode ser dispensado.
E o que eles querem? Além de negarem qualquer formação de estilo anterior, mostrando apenas relaxo, eles se preocupam com questões sociais, políticas e econômicas. Eles mostram que não estão alheios aos problemas que o cercam, à exploração capitalista e ao mundo contemporâneo.
Mera semelhança não é apenas coincidência. Mas tudo isso me remete ao meu tempo de UNESP, que conheci muitos alunos assim, totalmente contestadores, pensadores e revolucionários.
O estilo é o mesmo de muitos alunos de universidades públicas de nosso país, principalmente alunos da história, ciências sociais e filosofia. São as ditas cabeças pensantes. Naquela época (por volta de 2004) eu já via muitas pessoas que se adequavam a tal estilo.
Totalmente despreocupados com a aparência, mas no fundo a despreocupação era uma preocupação, pois sempre tinham que manter o ar de descuido. Sempre ativos, eram membros de núcleos de protesto, diretórios acadêmicos, centro acadêmicos e rodas de debates. Sempre procuravam solucionar problemas, criando movimentos como o feminismo e anti-homofobia e participando de greves, passeatas e tudo mais que chamassem a atenção para mazelas de seu tempo. Como por exemplo, movimentos marxistas e até mesmo a luta pela manutenção da tarifa do metrô em R$3,00 do ano passado, que se alastrou pelo país.
Na realidade eles são um segmento contrastante porque se estão em Universidades Públicas, lógico que nem sempre, mas em sua maioria estudaram em escolas boas (na maioria particulares), tiveram boa educação familiar, pertencem à classe média à classe alta, sempre quase tiveram tudo que quiseram, falam mais de um idioma e a maioria segue carreira acadêmica fazendo pós-graduação.
Posso estar enganado, mas essa tribo urbana já existia e está muito presente no nosso dia a dia. Basta refletir melhor. É sim uma tribo de minorias, que eu acredito que se estenda apenas a esse gueto de universitários e que não chegue a afetar a moda bem como os fashionistas e amantes de moda.
Mas sua existência não pode ser negada ou colocada à parte, pois se existe merece total atenção. Infelizmente levou-se um tempo para que as pessoas olhassem para ela e lhe dessem atenção. E visível a falta de atenção, pois é muito difícil achar imagens que expressem esse comportamento, mostrando que poucos estudaram, falaram ou discutiram o assunto.
FONTE: GQ
Imagens Reprodução

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