domingo, 22 de junho de 2014

Acesso ao mundo copa e aprendendo.


21/06/2014 - A liberdade de expressão e a eterna diferença de percepção entre homens e mulheres: Um olhar neutro dos textos de Ruth Manus e Guilherme Archas

Site: Damásio Educacional.
Por Brunno Pandori Giancoli
Advogado. Professor de Direito Civil e Direito do Consumidor do Damásio Educacional. Secretário-geral da Comissão de Direito do Consumidor da OAB/SP

Nunca neguei para ninguém o fato de ter restrições às redes sociais. São vários os motivos, mas vou explicar apenas dois (simplesmente para justificar este texto). O primeiro é bem óbvio: as redes sociais viciam muito. Mesmo os espíritos mais elevados não conseguem controlar o cacoete de "dar uma atualizada" no que está acontecendo. Aí o resultado é catastrófico. Todos ficam hipnotizados olhando as telinhas dos celulares e mexendo os dedos sem parar. Eu tenho certeza que as redes sociais criam um tipo de "autismo social". São piores que os Dementadores do Harry Potter. Sugam a alma das pessoas. Ninguém mais interage. Ninguém mais opina. Ninguém mais conversa. Muito chato! O segundo motivo é tão óbvio quanto o primeiro. Tudo (ou quase tudo) que é publicado é bem vazio. Se você, caro leitor, não acredita é simples: dê uma "atualizada" e faça o teste. Certeza que você vai encontrar uma foto com um texto de autoajuda, um selfie de alguém fazendo caras e bicos, ou uma imagem de algum cachorrinho ou gatinho com a frase "liiiinduuuu o meu filhinho". É pessoal, a situação não está fácil...

Mas todas essas considerações iniciais servem tão somente como um prólogo para este texto. Apenas para justificar algo: fico muito feliz quando leio um conteúdo inteligente nas redes sociais. E pasmem! Até compartilho. Mas ter a oportunidade de ler em sequência dois textos inteligentes, fruto de uma democrática interação de opiniões, é algo que merece a  atenção especial. E principalmente uma singela pitada pessoal. Estava eu também "atualizando" as informações quando tive a oportunidade de ler o texto, ou melhor, o desabafo de Ruth Manus intitulado "A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer". Gostei tanto do texto que fiz duas coisas inusitadas: fiz um comentário na "linha do tempo" da autora e compartilhei o texto no meu twitter. Para minha surpresa, dois dias depois, li uma resposta escrita por Guilherme Archas alcunhada pelo autor como "A incrível geração de homens que NÃO aparenta ser incrível". E mais uma vez compartilhei o link do texto, por mais incrível que isso possa parecer.

A sequência dos textos revela algo fundamental que jamais pode ser esquecido: a liberdade de expressão e de pensamento. Não se trata de uma liberdade qualquer, mas talvez da mais importante de todas elas. É a liberdade de pensamento e expressão que nos singularizam. Juntas representam os tijolos e a argamassa para a formação de uma sociedade justa e plural. Já dizia John Milton "deem-me acima de todas as liberdades a liberdade de saber, de falar e de discutir livremente, de acordo com a minha consciência". A liberdade de expressão figura entre as liberdades fundamentais, e constitui-se, como elas, direito por meio de instrumentos jurídicos internacionais e pátrios. Não é possível imaginar um sociedade verdadeiramente democrática sem ela. O grande desafio, todavia, está em sua conciliação quando ambas as partes têm perfeitas condições de argumentar com base em dispositivos de igual valor para defender suas posições. Quem está certo: Ruth Manus ou Guilherme Archas? Como determinar qual valor se sobreporá ao outro? Apesar do relevantíssimo papel exercido pela liberdade de expressão na democracia, a interpretação dada pelos Tribunais mostra revela que ela se estende somente até as barreiras impostas pela honra, pela imagem e pela privacidade, ou seja, os direitos da personalidade em geral. Respeitados esses limites a liberdade de expressão deve ser assegurada ao extremo, justamente para relevar a beleza única da diversidade de ideias.

P.S: A respeito do tema que gerou tantas (e boas) polêmicas nos textos de Ruth Manus e Guilherme Archas, tenho apenas um comentário a fazer: homens e mulheres pensam e são diferentes. Mas existe algo que nem mesmo os espíritos e almas mais iluminadas conseguem explicar: quando você "trombar" com aquela pessoa que faz nascer "borboletinhas" na sua barriga, todas as teorias das diferenças comportamentais do sexo oposto vão por água abaixo. Em resumo: No final das contas todo mundo quer ter alguém legal pra compartilhar as boas coisas da vida. Mas para que isso aconteça, sugiro que as pessoas parem de "atualizar" a própria vida num celular e voltem a utilizar um método: o bom e venho método da conversa cara-a-cara.





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