quinta-feira, 22 de maio de 2014

Acesso aos empregos e investimentos.



Made in Brasília: construção civil alavanca empregos e investimentosO segmento da indústria que mais emprega gente na capital federal aproveita a expansão do DF e o poder aquisitivo da população. Um dos principais problemas no setor, no entanto, é a falta de qualificação da mão de obra



O construtor Fabrício Almeida em um dos empreendimentos da família em Samambaia: 'Novas áreas planejadas para abrigar indústrias' (Fotos: Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
O construtor Fabrício Almeida em um dos empreendimentos da família em Samambaia: "Novas áreas planejadas para abrigar indústrias"

Um mercado consumidor sedento por moradia e capaz de pagar preços altos por empreendimentos imobiliários fez a indústria da construção civil se desenvolver no Distrito Federal. Além disso, o setor não precisou da base proporcionada pelos grandes polos para crescer. Mas contou com personagens que escolheram a capital para investir e com o otimismo dos principais responsáveis por verticalizar a cidade. Hoje, com mais de 85 mil trabalhadores, é o segmento da indústria que mais emprega na capital federal. Entre todas as áreas econômicas, fica atrás somente dos setores de comércio e de serviços. Empresas genuinamente locais despontam no ramo e traçam estratégias próprias para transpor os obstáculos.

O brasiliense Fabrício Almeida, 33 anos, mantém a construtora da família em alta no mercado. A Apex, nascida e criada no DF há 37 anos, tem mais de 100 obras em toda a cidade — os empreendimentos estão em Ceilândia, em Samambaia, no Guará, no Sudoeste, em Taguatinga e nos lagos Sul e Norte —, aproximadamente 300 funcionários, entre diretos e indiretos, e uma lista de soluções para enfrentar os problemas que atrapalham um avanço ainda maior das empresas.

'Aprendi dentro da empresa porque os cursos bons e grandes não consigo pagar', diz Adelson da Cruz, 23 anos, operador de prancha
"Aprendi dentro da empresa porque os cursos bons e grandes não consigo pagar", diz Adelson da Cruz, 23 anos, operador de prancha

Ele e os sócios desistiram de abrir a própria fábrica de matéria-prima porque não encontraram, no Distrito Federal, a preço acessível, um terreno de 20 mil m². Mas isso não os desanimou a manterem os investimentos em alta. “Como toda indústria brasileira, sofremos com a falta de mão de obra e de incentivo fiscal e com o alto preço dos grandes terrenos disponíveis. Temos de procurar sempre novas áreas planejadas para abrigar indústrias”, afirmou.

Para se manter no mercado, a empresa de Fabrício oferece qualificação a cada nova obra. Foi a maneira encontrada pelo empresário para contar com profissionais sem depender de um curso de formação. A maioria dos funcionários chega de outra unidade da Federação, muitos sem capacitação. Em 2013, 1,2 mil pessoas efetivaram matrícula em turmas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) na área da construção civil. Número incapaz de fornecer ao empresário a quantidade de mão de obra necessária para atuar nos canteiros. “Todos os serviços têm treinamento interno, até para manter o padrão de qualidade”, explicou.

Os trabalhadores do setor que procuram cursos profissionalizantes desanimam diante dos valores cobrados. É o caso do baiano Adelson da Cruz, 23 anos, nascido em Barra de São Francisco. Ele chegou a Brasília no início de 2012 sem emprego ou qualquer formação. Entrou para a construção civil por indicação. Atualmente, trabalha como operador de prancha. Encontrou aulas de capacitação no setor, mas de pequeno porte. “Aprendi o que sei dentro da empresa porque os cursos bons e grandes não consigo pagar”, contou. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário