Sistema de reserva de vagas será reavaliado pelo Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão em março. Na última década, 18,5% dos formados são negros. Políticas afirmativas permitiram uma mudança importante: 41% dos alunos aprovados entre 2009 e 2013 são afrodescendentes
Publicação: 12/01/2014 07:35 Atualização: 12/01/2014 08:01
"Por ser negro, entrei pelas cotas para reafirmar a política. Desde a escravidão, jogaram os negros em um canto e não olharam para eles", diz Higor Faria, 23 anos, funcionário do Tesouro Nacional |
Os 20% de vagas exclusivas para negros no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2014 têm chance de serem os últimos da história. As cotas de caráter racial, iniciativa de vanguarda da UnB, serão reavaliadas. A ação afirmativa completa 10 anos e o destino dela está nas mãos dos quase 70 integrantes do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). De 2004 até o ano passado, 18,5% dos estudantes que se formaram pela universidade são negros e ingressaram na instituição graças ao sistema.
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Reparação histórica
O funcionário do Tesouro Nacional Higor Faria, 23 anos, entrou pelas cotas para negros em 2008. Na época, a política começava a ser consolidada e vigorava o senso comum de que o ingresso deles faria cair o nível de ensino da instituição. “Éramos bem estigmatizados. Por ser negro, entrei pelas cotas para reafirmar a política. Desde a escravidão, jogaram os negros em um canto e não olharam para eles. Estudei a vida inteira em escola privada. Não acho que a existência das cotas sociais elimine a existência da outra reserva”, afirmou.
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