Escritora pede boicote a marca que "transformou brasileira em commodity"A autora de Vagina: uma biografia defendeu que a literatura do ocidente nos últimos 200 anos tem sido sobre experiência sexuais masculinas
A autora polemizou: "Você pode ser de direita e ser feminista" |
O auditório Nelson Rodrigues ficou lotado durante a palestra de Naomi Wolf na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura, neste domingo (13/4). Sobre a campanha da Adidas que reproduziu uma bunda nas propagandas sobre a Copa no Brasil destinadas ao público americano, ela disse: "estou pedindo um boicote à Adidas porque transformou a mulher brasileira em commodity".
A feminista norte-americana, autora do livro Vagina: uma biografia, falou sobre a ausência de uma voz na literatura capaz de falar sobre o desejo feminino. Segundo a autora, as escritoras não escrevem sobre isso porque se o fizerem serão atacadas. "A literatura do ocidente nos últimos 200 anos tem sido sobre experiência sexuais masculinas", disse. "Mas essas histórias têm sido silenciadas na literatura feminina."
Naomi também comentou a pesquisa do Ipea sobre os mais de 20% dos homens que acham que mulheres que usam roupas provocantes merecem ser estupradas. A escritora disse ainda que ficou sabendo da campanha da jornalista Nana Queiroz com o slogan "não mereço ser estuprada". "Quando as mulheres não têm o direito de contar suas histórias sexuais elas podem ser estereotipadas como boas meninas ou como más meninas", lamentou.
A escritora deveria fazer palestra de 40 minutos, mas resolveu atender aos pedidos da platéia e, depois de uma introdução, respondeu as perguntas da platéia. Naomi explicou como uma experiência pessoal a levou a descobrir a infinidade de conexões neurais responsáveis pelo orgasmo feminino. Ela comentou ainda que, por ser de posição política de direita é muito atacada por feministas. "Mas você pode ser empresária e ser feminista, pode ser de direita e ser feminista."
A afirmação gerou controvérsias entre os presentes na plateia. "O problema maior dela foi a posição política", disse a socióloga Bárbara Amaral. "Ela afirmou que existe feminismo de direita, não sei de que feminismo ela está falando". Mas também houve quem achou que Wolf queria dizer o contrário e, na verdade, teria explicado que as divisões como esquerda e direita desunem as pessoas numa luta maior, em prol das mulheres.
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